Identidade visual da marca pode ajudar empresas a usarem de criatividade para sobreviver à crise

Artigo “Identidade visual para sobreviver à crise” foi publicado originalmente na Exame

Ter uma boa ideia, montar uma empresa, obter sucesso como empreendedor. A fórmula mágica de um negócio bem-sucedido não é tão simplista na prática, já que precisa acontecer dentro de um contexto amplo e complexo que envolve trabalho árduo e atenção para com todos os seus componentes. A identidade visual e a imagem transmitida a seus públicos são elementos essenciais desse universo, mas isso não significa que bastam para manter um negócio próspero e que seja capaz de se sustentar em situações de crise.

Dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam para um recuo de 3,9% na quantidade de empresas em funcionamento no país, o que significa que o número de empresas que fecharam é superior ao das que abriram. Esse cenário é característico de um período em que inovação e criatividade são grandes componentes para o sucesso de uma empresa, sendo vista por muitos como a solução para todos os problemas financeiros ou estruturais da organização.

Nem sempre essa perspectiva é válida. Não se trata de menosprezar a capacidade de transformação de medidas inovadoras, mas de atribuir a elas um potencial realista e mensurável. “A mudança do logotipo, a reestruturação da marca e de sua forma de comunicação com clientes e parceiros são essenciais de tempos em tempos e pode realmente trazer bons frutos, mas só consegue ser eficiente se estiver sustentada em produtos vendáveis e atrativos, estratégias de vendas bem pensadas e orçamento controlado”, explica Gilnei Silva, responsável pelo segmento branding e design de identidades visuais do Estúdio Gilnei Silva.

Um dos maiores exemplos de reconstrução da marca, ou branding, é a Havaianas. Os tradicionais calçados de borracha ganharam a população brasileira nos anos 1960 e 1970, mas caracterizaram-se por anos como um produto típico das classes C e D. Com esse mercado cativo e com potencial para ampliação, as décadas de 1980 e 1990 presenciaram as iniciativas da empresa em se firmar como um produto versátil, bonito e destinado para públicos de todas as classes, idades e preferências.

Aliada ao lançamento de modelos modernos e de diferenciações na forma de distribuição, a mudança dos padrões gráficos, de marketing e de comunicação com os consumidores fizeram com que os produtos passassem a ser usados em ambientes distintos e que atingissem efetivamente a maioria do país. A repaginação da marca, assim, aumentou os públicos da empresa, suas vendas e sua produção, mas ela não fez isso sozinha – um conjunto de medidas em diferentes segmentos e com diferentes focos corroboraram esse desenvolvimento e permitiram que ele fizesse sentido aos olhos dos consumidores.

 

 

Na prática

A ideia de um logotipo é que ele expresse a marca e não corrija a sua atuação. “A ideia da identidade visual é a de levar aos públicos consumidores e de interesse a mensagem da empresa, demonstrando como ela pode se inserir de forma positiva na vida de seus consumidores”, aponta Felipe Fleischer, estrategista de marcas e parceiro do Estúdio Gilnei Silva. Por mais que isso seja bem trabalhado e desenvolvido, não é possível corrigir problemas com a qualidade do produto ou com a satisfação dos clientes somente no âmbito comunicacional.

Dessa forma, existem dois caminhos gerais a seguir quando se pensa em branding. O primeiro deles é semelhante ao caso das Havaianas, que é o mais indicado, ou seja, se trata da consolidação da marca e de um produto de qualidade a partir de mudanças mais complexas, que permitiram a estruturação da nova identidade a partir da identificação dos públicos com a marca, seus produtos e sua mensagem.

O segundo comportamento gira em torno da manutenção da estrutura atual da marca e da implantação de um branding que se adeque a isso. Nesse caso, trate-se de gerar conteúdos e formas de comunicação que demonstrem claramente aquilo que a marca pretende e de apresentar ao consumidor os valores atrelados a cada produto. Assim, a repaginação gira em torno da diferenciação das marcas concorrentes por meio de comprometimento com causas variadas, com a qualidade das embalagens e das peças comerciais, com a linguagem direcionada para públicos específicos e com vários outros nichos. Cabe, então, identificar quais públicos mais possuem potencial e dedicar a comunicação da marca a fazer tudo o que vá ao encontro de ideias e gostos, levando a marca a ser a primeira escolha quando se pensa no segmento.

Saiba mais

O Estúdio Gilnei Silva é especializado em criação e posicionamento  de marcas. Saiba mais no site: http://www.gilneisilva.com.